Para a polícia, prisão na Operação Intocáveis é estratégica para investigação do caso Marielle
Major Ronald Paulo Alves Pereira foi um dos cinco presos em ação que mirou uma milícia da Zona Oeste do Rio. O grupo é suspeito de atuar na grilagem de terras.
Agentes da Polícia Civil que trabalham no caso Marielle Franco consideraram a prisão do major Ronald Paulo Alves Pereira estratégica para a investigação. Eles suspeitam da participação dele na morte da vereadora, em março de 2018, mas não especificam qual seria o nível de envolvimento.
O major foi um dos cinco presos na Operação Intocáveis, do Ministério Público e da Polícia Civil, nesta terça-feira (22). Ele é suspeito de chefiar uma milícia que age em grilagem de terras na zona Oeste do Rio.
“Todos esses presos serão ouvidos, na expectativa de que possam colaborar em outras investigações. A gente não descarta a participação no crime de Marielle Franco, mas não podemos afirmar isso neste momento”, disse a promotora Simone Sibilio.
De acordo com o Ministério Público, o major Ronald era um dos principais envolvidos no mercado imobiliário ilegal na região de Rio das Pedras.
“Ele exercia liderança até pela sua própria condição também, e tem forte influência no ramo imobiliário ilegal. Há farta documentação comprovando isso.”
“Algumas pessoas que foram presas hoje também integram o escritório do crime, mas a investigação teve como objetivo combater essa organização em Muzema e Rio das Pedras”, acrescentou Simone, sobre o grupo paramilitar investigado por execuções no Rio.
O grupo é suspeito de comprar e vender imóveis construídos ilegalmente na Zona Oeste do Rio, além de crimes relacionados à ação da milícia nas comunidades de Rio das Pedras, Muzema e adjacências, como agiotagem, extorsão de moradores e comerciantes, pagamento de propina e utilização de ligações clandestinas de água e energia.
Homenagem na Alerj
Ronald Paulo Alves Pereira, quando era lotado no 16º BPM, foi homenageado pelo então deputado Flávio Bolsonaro, hoje senador eleito.
A condecoração aconteceu na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) meses depois de Ronald ser apontado como um dos autores da Chacina da Via Show, que deixou cinco jovens mortos após a saída de uma casa de festas em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Até hoje o major – agora apontado como chefe da milícia da Favela da Muzema – não foi julgado pelo crime.
“Sobre as homenagens prestadas a militares, sempre atuei na defesa de agentes de segurança pública e já concedi centenas de outras homenagens. Aqueles que cometem erros devem responder por seus atos”, escreveu Flávio Bolsonaro nesta terça, em suas redes sociais.