Com medalha inédita e mais dois ouros, Brasil supera a marca de 200 pódios na natação em Jogos Pan-Americanos
No terceiro dia da modalidade, brasileiros sobem sete vezes ao pódio. País já soma 19 medalhas nesta edição, 79% delas com “DNA” do Bolsa Atleta
A natação brasileira viveu mais um dia de vitórias nos Jogos Pan-Americanos Lima 2019 nesta quinta-feira (08.08). A equipe do Brasil “medalhou” nas seis provas individuais de que participou, além de conquistar o revezamento. Foram, ao todo, sete medalhas, sendo dois ouros (100m livre masculino e revezamento 4 x 100m medley misto), duas pratas (100m costas masculino e 800m livre masculino) e três bronzes (100m livre feminino, 100m costas masculino e 800m livre feminino). Com esse resultado, o Brasil soma 19 medalhas nesta edição e 203 medalhas na modalidade em Pan-Americanos.
Com o tempo de 48s09 nos 100m livre, Marcelo Chierighini superou o multicampeão olímpico e mundial, o americano Nathan Adrian, que ficou com a prata (48s17). O bronze também ficou com os EUA, com Michael Chadwick (48s88). Breno Correia, outro brasileiro que disputou a final, terminou na quinta posição, com o tempo de 49s14. “Ganhar do norte-americano Nathan Adrian, que é o cara que eu mais admiro na natação, tem um gosto especial. Ele é um cara exemplar dentro do mundo da natação e fora”, disse o brasileiro.
Para o atleta de 28 anos, ser campeão em prova individual tem ainda um outro diferencial. “Eu venho tentando buscar a medalha no individual nos últimos quatro Mundiais. Fiquei em quinto três vezes seguidas. Aqui não é o Mundial, claro, não é o mesmo nível. Mas o tempo que fiz aqui me deixou muito contente. Foi uma prova muito dura, com o medalhista olímpico ao lado, ganhando dele e com tantos outros ótimos nadadores na final. Então, tira um pouco o peso do ombro, de sempre conquistar medalha de revezamento, mas faltar uma no individual”, acrescentou.
Prata que virou ouro
No revezamento 4 x 100m medley misto, o Brasil herdou o ouro com a desclassificação dos Estados Unidos por conta de um movimento ilegal do atleta Cody Miller durante o nado peito. A equipe – formada por Guilherme Guido, João Gomes Júnior, Giovanna Diamante e Larissa Oliveira – fechou a prova em 3min48s61, seguida pelos times do Canadá (3min49s97) e da argentina (3min50s53). “Foi uma surpresa. Só ficamos sabendo do ouro já dentro da sala de espera para a premiação”, disse João Gomes.
Das águas abertas para piscina
Medalhista da maratona aquática, com o bronze conquistado no último domingo (04.08), Viviane Jungblut fez o terceiro melhor tempo na prova dos 800m livre, com 8min36s04. Foi uma medalha inédita para o país. Ela ficou atrás da argentina Delfina Pignatiello, que terminou a prova em 8min29s42, e da americana Mariah Denigan, que marcou 8min34s18.
“Eu vim com o objetivo de buscar duas medalhas, uma na maratona e outra em alguma prova de piscina. Consegui cumprir o objetivo”, comemorou a atleta, que a partir de agora voltará seu foco para as provas de piscina para conseguir uma vaga nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, já que Ana Marcela Cunha será a representante do Brasil nas águas abertas. “Essa medalha na prova de piscina tem o gostinho mais gostoso. Sabia que seria um grande desafio nadar as duas modalidades com pouco tempo de intervalo. Nadei os 400m e não foi uma prova tão boa, mas consegui focar um pouco e fui para a briga nos 800m”, destacou.
Mesmo tendo entrado na piscina “para se divertir”, a campeã mundial nos 5km e nos 25km das maratonas aquáticas, Ana Marcela Cunha, comemorou a sétima colocação, com o tempo de 8min48s33. “É a primeira vez que eu estou nadando uma competição internacional de piscina. Eu não esperava nenhum resultado melhor do que isso aí de hoje. Estou bem tranquila e curti esse momento. Nunca entrei com um público assim. Aqui é tudo diferente. Lá são duas horas de prova e aqui são oito minutos. A preparação é diferente, a estratégia é diferente”, afirmou.
Miguel Valente conquistou a prata na prova masculina dos 800m, com 7min56s37. Andrew Abruzzo, dos Estados Unidos, foi o campeão, com 7min54s70. O mexicano Ricardo Vargas levou o bronze, com 7min56s78. O outro brasileiro na prova, Diogo Villarinho terminou em sexto, com 8min03s17.
Medalha número 200
A medalha de número 200 da natação brasileira em edições dos Jogos Pan-Americanos foi conquistada nos 100m costas masculino, com a prata de Guilherme Guido (53s54), que viu o ouro escapar na batida de mãeo. O americano Daniel Caar foi o campeão, com 53s50. Dylan Carter, de Trinidad y Tobago, cravou 54s42 e ficou com o bronze.
Etiene Medeiros foi bronze na prova feminina dos 100m costas, com o tempo de 1min00s67. A americana Phoebe Bacon fez o melhor tempo (59s47), seguida pela canadense Franci Hanus (1min00s34). Fernanda de Goeij terminou a prova na quinta colocação, com 1min01s59.
“Tenho um histórico muito bacana com essa prova, não só em Jogos Pan-Americanos mas em outras competições. Acho a prova mais difícil de se nadar. Eu sei o quanto tenho que me mobilizar, o quanto eu tenho que trabalhar para ela. É um aspecto mais mental do que físico”, disse Etiene. “Estou nos meus dias de luta e esse bronze valeu como ouro”, completou.
Doze anos após o bronze de Flávia Delaroli nos Jogos Pan-Americanos Rio 2007 nos 100m livre feminino, Larissa Oliveira conseguiu repetir o feito. Em Lima, Larissa fez o terceiro melhor tempo (55s25) na prova vencida pela americana Margo Geer (54s17) e que teve a canadense Alexia Zevnik com a segunda melhor marca (55s04). A brasileira Daynara de Paula ficou em sétimo, com 56s88.
“Esse é o meu segundo Pan-Americano. Na edição passada eu saí com três medalhas no revezamento e agora já consegui duas individuais. Para mim já está sendo um feito e tanto”, celebrou a atleta, que já soma cinco medalhas nesta edição e que pode acumular mais alguns pódios, já que ainda vai competir no revezamento 4 x 200m misto e, provavelmente, no revezamento 4 x 100m medley feminino. Larissa já igualou as marcas de Joana Maranhão e de Tatiana Lemos no número de medalhas em Jogos Pan-Americanos, com oito pódios.
“Estou muito feliz. Eu treinei para melhorar um pouco a minha marca, mas eu acho que independentemente do número, sair com uma medalha é um resultado para ser bastante comemorado”, completou.
Investimento na natação
Dos 35 atletas da natação em Lima, 29 são apoiados pelo Programa Bolsa Atleta do Ministério da Cidadania. O investimento, da ordem de R$ 1,7 milhão ao ano, pode ser medido em medalha: das 19 medalhas conquistadas em Lima, 79% têm o DNA do programa.
Atualmente, 272 nadadores do Brasil são apoiados pelo patrocínio, o que representa um aporte anual de R$ 4,1 milhões. Desse total, nove são na categoria Pódio, voltada para atletas que estão entre os 20 primeiros no ranking mundial. Dezessete também integram o Programa de Atletas de Alto Rendimento das Forças Armadas.
Pódios da natação brasileira em Lima
Dia 06.08
– João Gomes Júnior – ouro nos 100m peito
– Leonardo de Deus – ouro nos 200m borboleta
– Breno Correia, Bruno Fratus, Marcelo Chierighini e Pedro Spajari – ouro no revezamento 4 x 100 livre e quebra de recorde pan-americano
– Manuela Lyrio, Larissa Oliveira, Dayanara de Paula e Etiene Medeiros – prata no revezamento 4 x100 livre
– Fernando Scheffer – prata nos 400m livre
– Luiz Altamir – bronze nos 400m livre
Dia 07.08
– Fernando Scheffer – ouro nos 200m livre
– Breno Correia – prata nos 200m livre
– Breno Correia, Larissa Oliveira, Etiene Medeiros e Marcelo Chierighini – prata no revezamento 4 x 100m livre misto
– Vinicius Lanza – bronze nos 100m borboleta
– Leonardo de Deus – bronze nos 200m costas
– Larissa Oliveira – bronze nos 200m livre
Dia 08.08
– Marcelo Chierighini – ouro nos 100m livre masculino
Guilherme Guido, João Luiz Gomes, Giovanna Diamante e Larissa Oliveira – ouro – revezamento 4 x100m medley misto
– Guilherme Guido – prata nos 100m costas masculino
– Miguel Valente – prata nos 800m livre
– Larissa Oliveira – bronze nos 100m livre feminino
– Etiene Medeiros – bronze nos 100m costas masculino
– Viviane Jungblut – bronze nos 800m livre
Por Rede do Esporte