Governo diz que todas as praias de Sergipe voltaram a ser atingidas por manchas de óleo após limpeza

Só na capital, foram coletadas mais de 230 toneladas da substância, que vem sendo registrada no estado desde o dia 24 de setembro.
Todas as 17 praias do litoral sergipano, uma soma de 197 quilômetros, que foram atingidas pelas manchas de óleo em algum momento desde o dia 24 de setembro, apresentaram reincidência da substância após serem limpas por equipes comandadas pela Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema). Segundo o órgão, só na capital, 231 toneladas do resíduo já foram recolhidos até a manhã desta terça-feira (15).
“Em maior ou menor proporção, todas as praias do nosso litoral apresentaram novamente as manchas”, disse o diretor-presidente do órgão, Gilvan Dias.
Nesta segunda-feira (15), foram registradas novas manchas nas praias da Coroa do Meio, Artistas, talaia, Aruana, Refúgio e Viral, em Aracaju, além de Pacatuba, Pirambu, Jatobá, Porto, Atalaia Nova e Praia da Costa, no litoral Norte.
O processo de limpeza para retirada permanece sendo feito diariamente em todo o litoral. O material recolhido é enviado para uma unidade da Petrobras em Carmópolis.
A análise da água, também feita periodicamente pela Adema, atesta a balneabilidade das praias, mas a recomendação aos banhistas é evitar o contato com as manchas.
Praias sergipanas
Litoral Norte
- Pacatuba: Ponta dos Mangues
- Pirambu: Praia de Pirambu
- Barra dos Coqueiros: Atalaia Nova, Boca da Barra, Costa, Jatobá
Litoral Sul
- Aracaju: Artistas, Coroa do Meio, Atalaia, Aruana, Náufragos, Refúgio, Sarney e Viral
- Itaporanga D’ajuda: Caueira
- Estância: Abaís e Saco
Situação de emergência
No dia 5 de outubro, o estado de Sergipe decretou situação de emergência, que foi reconhecida pelo governo federal nesta segunda-feira (14) e publicada nesta terça-feira (15) no Diário Oficial da União (DOU). Os municípios são: Aracaju, Barra dos Coqueiros, Brejo Grande, Estância, Itaporanga D`Ajuda, Pacatuba e Pirambu.
A substância já toma 166 localidades de nove estados nordestinos. O desastre já atingiu ao menos 12 unidades de conservação do país, incluindo a Reserva Biológica de Santa Isabel, no município sergipano de Pirambu, que abriga a área prioritária de desova de tartarugas marinhas. Além disso, desde o início de outubro, a soltura das tartarugas está suspensa em Sergipe. A situação também afeta o turismo e as comunidades pesqueiras.
Determinação judicial
A Justiça Federal em Sergipe determinou que a União proteja, em 48 horas, medidas de proteção aos rios de Sergipe contra o avanço das manchas. A decisão se baseia em um pedido do Ministério Público Federal em Sergipe (MPF-SE), que diz que a União deve se responsabilizar pela instalação das barreiras nos rios São Francisco, Japaratuba, Sergipe, Vaza Barris e Real. Devido à emergência do caso, a Justiça dispensou o Governo Federal de fazer licitação para comprar os equipamentos. A multa, em caso de descumprimento, é de R$ 100 mil por dia.
O prazo encerrará nesta quarta-feira (16), já que a Advocacia-Geral da União foi notificada na segunda-feira (14).
No último sábado (12), o estado instalou barreiras de contenção no Rio Vaza-Barris, ao custo de R$ 7 mil por dia, até que a situação seja resolvida.
Ainda na segunda, o ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, disse que irá cumprir a determinação, mas afirmou que as barreiras não seriam eficientes para a contenção. Nesta terça-feira, o diretor-presidente da Adema rebateu a alegação.
Emergência
No dia 5 de outubro o governo estadual decretou situação de emergência, e o Projeto Tamar suspendeu a soltura de filhotes de tartarugas marinhas por conta do problema. No mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro determinou uma investigação sobre as origens do óleo.
Além disso, as manchas atingiram a área de praia do maior berçário de tartarugas da espécie oliva do país, na reserva Santa Isabel, que fica em Pirambu.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, veio a Aracaju nesta segunda-feira (7), para avaliar o litoral sergipano.