Caetano e Caio Blat falam sobre censura: ‘Ela está de volta, pior que em 64’
Artistas foram ao STF criticar a política de Bolsonaro para o setor de cultura
Em audiência pública ocorrida no Supremo Tribunal Federal (STF) na segunda-feira, 4, artistas criticaram a política do governo Jair Bolsonaro para o setor de cultura. Um dos participantes foi o ator Caio Blat disse que a censura “já está de volta, instalada nesse País, de forma imunda, de forma disfarçada”.
“O que acontece é que a censura voltou pior que 64 e 68. Ela era institucional e agora o que se está fazendo é limpeza ideológica, velada, tentando excluir os mais fracos, tentando excluir a diversidade”, disse Blat.
“Estamos sabendo diariamente de peças sendo canceladas porque o governo brasileiro exerce o fomento da cultura por meio de estatais e estamos sabendo todos os dias de cancelamento de peças. Peças publicitárias canceladas porque mostravam a diversidade sexual do País”, criticou.
O músico Caetano Veloso, que participou da audiência, também criticou a política do governo Bolsonaro para a área de cultura
“O governo dirá que não proíbe arte, que não está prendendo ou interrogando autores, que artistas são perfeitamente livres para expressarem suas ideias, sua sexualidade, suas religiões. Não existe mais um departamento de censura, não existe mais o cargo de censor, que o estado não pretende impedir a difusão de obra alguma”, afirmou Veloso.
“Ao contrário do passado, o estado apenas se reserva o direito de não financiar artistas e temáticas que não estejam em desacordo com o projeto que foi feito nas urnas pela maioria do povo”, completou.
O cineasta Luiz Carlos Barreto e os atores Caco Ciocler e Dira Paes também participaram da audiência.
Cármen
A audiência foi convocada pela ministra Cármen Lúcia, relatora de uma ação da Rede Sustentabilidade contra decreto da Presidência da República que altera a estrutura do Conselho Superior do Cinema e o transfere para a Casa Civil.
Para o partido, a medida tem como objetivo censurar a produção audiovisual brasileira por meio do esvaziamento do conselho.