Brigadistas de Alter do Chão divulgam vídeo de agradecimento um dia após deixarem a prisão
De cabelo e barba raspados, eles afirmaram estar sofrendo uma injustiça e que sofreram humilhação ao serem presos e acusados de provocar o incêndio florestal que ajudaram a conter.

Da esquerda para a direita: Marcelo Cwerver, Gustavo Fernandes, João Romano e Daniel Gutierrez, brigadistas de Alter do Chão, em vídeo produzido e divulgado pela brigada nesta sexta-feira (29) — Foto: Divulgação
Os quatro brigadistas que a Polícia Civil do Pará acusa de terem provocado queimadas na região de Alter do Chão, distrito do município de Santarém (PA), divulgaram na noite desta sexta-feira (29) um vídeo de agradecimento ao apoio recebido de familiares, amigos e nas redes sociais.
Daniel Gutierrez, Marcelo Cwerver, João Romano e Gustavo Fernandes passaram dois dias na prisão. Eles foram presos na manhã de terça (26) e liberados no fim da tarde desta quinta (28), mas ainda são considerados suspeitos pela polícia.
De cabelo e barba raspados, e vestindo camisetas da Brigada de Incêndio Florestal de Alter do Chão, eles se revezaram para comentar as acusações e agradecer pelas mensagens de apoio que receberam de familiares, amigos e de desconhecidos de dentro de fora do Brasil.
Ele afirmaram que são vítimas de uma injustiça e que passaram por humilhação ao serem presos e acusados de provocarem o fogo, mas afirmaram que pretendem seguir no local e continuar defendendo a causa ambientalista. “O nosso sofrimento é muito pequeno perto do sofrimento da Floresta Amazônica”, afirmou Gustavo Fernandes.
Daniel Gutierrez
“Meu nome é Daniel, sou da brigada de incêndio florestal de Alter do Chão. A gente decidiu gravar esse vídeo pra agradecer todo mundo que apoio a gente, que mandou energia boa, que mandou ajudas, que postou, que tuitou, que acredita na gente, no trabalho que a gente faz aqui. Isso dá muita força pra gente, pra ver que a gente não está sozinho. A gente está passando por um momento muito difícil, sofrendo muita injustiça. Mas a força de vocês dá muita força pra gente mesmo. Eu agradeço demais.”
Marcelo Cwerver
“Eu sou Marcelo, sou um dos diretores do Instituto Aquífero. Eu me apaixonei por Alter do Chão, vim morar pra cá. Eu amo esse rio, eu amo essa floresta. E, apesar dessa dificuldade que está se apresentando em nossas vidas, a gente está fortalecido e sabe que isso vai ficar pra trás, e a gente vai poder retornar nessa nossa missão, e retornar a fazer o que a gente acredita, que é estar em harmonia com a natureza, estar na proteção dos rios, das pessoas que moram aqui, fazendo a nossa parte para que o mundo seja melhor.”
João Romano
“Meu nome é João Romano. Eu moro na Amazônia tem três anos, sou um guardião da floresta, sou um dos fundadores da Brigada de Alter junto com o Daniel. Quero agradecer vocês, porque só Deus sabe o tamanho da humilhação por que a gente passou, o tamanho da injustiça que a gente está vivendo. Quero agradecer imensamente a todo mundo que nos apoiou e abraçou nossa causa. Sem vocês a gente não teria força pra estar de pé agora. Porque está muito puxado mesmo.”
Gustavo Fernandes
“Estou em Alter do Chão desde 2014, trabalho no ecoturismo há mais ou menos 12 anos, e primeiramente queria agradecer aos meus irmãos, meus amigos, o Marcelo, João, Daniel, por terem provado seu amor por mim e terem cuidado de mim durante o cárcere. E terem demonstrado como a força da união, do amor, é muito maior do que qualquer trovão. E agradecer imensamente minha família, meus amigos, toda a mobilização mundial para provar que somos inocentes, que somos pessoas idôneas, e enorme gratidão para todos. Estamos aqui por causa da floresta, por causa da Amazônia. O nosso sofrimento é muito pequeno perto do sofrimento da Floresta Amazônica.”
Operação Fogo do Sairé
Quatro brigadistas foram presos preventivamente na terça-feira (26) suspeitos de envolvimento nos incêndios criminosos na APA Alter do Chão, no oeste do Pará. As queimadas aconteceram em setembro deste ano.
Na audiência de custódia, realizada na quarta-feira (27), a Justiça manteve a prisão dos brigadistas. Já na quinta-feira (28) a defesa fez o pedido de Habeas Corpus e o delegado que presidia o inquérito foi substituído.
O juiz Alexandre Rizzi voltou atrás na decisão de manter os brigadistas e determinou a soltura dos mesmos. Gustavo, Daniel, João e Marcelo foram soltos na noite de quinta-feira (28).