Joia da Ferrari, Bianchi tem carreira promissora interrompida por acidente
Após nove meses internado, francês não resiste a danos causados por acidente no GP do Japão. Talento promissor, piloto de 25 anos estava na mira da italiana Ferrari
Dias antes do GP do Japão, Jules Bianchi, cria do programa de jovens pilotos da Ferrari, havia dito estar pronto para assumir o lugar de Fernando Alonso. Na época, a saída do espanhol da escuderia italiana ainda era apenas um rumor. O time de Maranello preferiu contratar o tetracampeão Sebastian Vettel para o lugar de Alonso, mas estudava promover o francês da extinta Marussia, atual Manor, para o lugar de Kimi Raikkonen, assim que o finlandês se aposentasse da categoria. O sonho de pilotar pelo time do cavalinho rampante, no entanto, foi interrompido tragicamente.
Após uma batalha pela vida que durou pouco mais de nove meses, Bianchi não resistiu aos danos e sequelas causados pelo gravíssimo acidente sofrido em Suzuka no dia 5 de outubro do ano passado. O piloto morreu na noite desta sexta-feira (madrugada de sábado na Europa) aos 25 anos, no Hospital Universitário de Nice, sua cidade natal, onde estava internado desde novembro.
O francês da Marussia aquaplanou na pista molhada na 43ª volta da corrida e atingiu um guindaste que removia a Sauber de Adrian Sutil, que havia rodado na saída da curva Dunlop na volta anterior. Bianchi estava a mais de 200km/h quando perdeu o controle de sua Marussia e acabou entrando debaixo do veículo que removia o carro do alemão. Com a força do impacto, o santoantônio, estrutura feita para proteger a cabeça do piloto em caso de capotagens, ficou destruído, e o francês foi atingido em cheio no capacete. Esta é a primeira morte na categoria em razão de um acidente de corrida desde 1994, quando Ayrton Senna perdeu a vida no GP de San Marino e uma série de medidas de segurança foram implantadas na F-1.
Considerado uma das maiores promessas de sua geração, Bianchi estava em sua segunda temporada pela equipe Marussia, que disputa esta temporada como Manor. Em 2014, ele conseguiu a façanha de se tornar o primeiro piloto a marcar pontos pela modesta equipe, ao chegar em nono no GP de Mônaco. Sua superioridade em comparação ao companheiro Max Chilton e aos pilotos da extinta Caterham, outra equipe nanica da F-1, eram uma prova de seu talento, mesmo com a limitação do equipamento que tinha em mãos.
Jules Bianchi nasceu em Nice, sudeste da França em 3 de agosto de 1989. Ele começou a competir no kart e em 2007 passou para os monopostos, sendo campeão da Fórmula Renault 2.0 francesa logo em seu ano de estreia.
Em 2008, terminou em terceiro na F-3 europeia, tendo vencido a etapa especial Masters. No ano seguinte, sagrou-se campeão da categoria com nove vitórias em 20 corridas. Em 2010, disputou a GP2, principal categoria de acesso à Fórmula 1, sendo terceiro em um ano e vice-campeão no outro.
Os resultados expressivos na base o renderam um convite para fazer parte do programa de jovens pilotos da Ferrari. Paralelamente, o francês foi vice-campeão da F-Renault 3.5 em 2012. Ele foi piloto de testes da escuderia italiana desde 2001. Por influência do time de Maranello, fornecedor de motores da Marussia, Jules foi contratado pela modesta equipe inglesa às vésperas do início do campeonato de 2013 para substituir o brasileiro Luiz Razia, que havia perdido o lugar na equipe em razão da falta de pagamento de seus patrocinadores. Os dois pontos conquistados por Jules em Mônaco foram os únicos da história da equipe, que abandonou a categoria no GP da Rússia, etapa seguinte à trágica etapa japonesa. Após um período de administração judicial, o time ganhou novos investidores e trocou o nome para Manor.
Bianchi vem de uma família com tradição no automobilismo. Seu avô Mauro Bianchi, foi tricampeão da categoria GT, e seu tio, Lucien Bianchi, venceu as 24 Horas de Le Mans em 1968, além de ter competido em 19 GPs da Fórmula 1 entre os anos de 1959 e 1968, com um pódio em Mônaco.
Jules era bem próximo dos pilotos brasileiros na Fórmula 1. Em 2013, inclusive, venceu o Desafio Internacional das Estrelas de Kart, disputado em Santa Catarina, deixando para trás nomes como o do anfitrião do evento, Felipe Massa, e o do espanhol Fernando Alonso, dentre outros. Inclusive, Massa e Bianchi se tornaram grandes amigos quando o brasileiro, hoje na Williams, era titular da Ferrari e o francês, reserva.
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Por GloboEsporte.com