Dilma pede esforço a ministros no segundo mandato
Presidente garante que direitos trabalhistas serão mantidos apesar da necessidade de ajuste das contas públicasEncontro, na Granja do Torto, reúne os 39 ministros; em discurso, presidente garante que direitos trabalhistas serão mantidos, apesar da necessidade de ajuste das contas públicas
Após o anúncio dos ministros que farão parte da equipe do governo em seu segundo mandato, a presidente da República, Dilma Rousseff, promoveu a primeira reunião com os nomeados, ontem (27), na Granja do Torto, nos arredores de Brasília. O encontro começou no final da tarde com discurso da chefe do Poder Executivo e deve se arrastar até a noite.
Em seu discurso, Dilma fez questão de ressaltar que não haverá comprometimento do crescimento econômico e da geração de emprego em detrimento dos ajustes das contas públicas no País. Aos ministros, ela pediu: “Façam o possível”.
“As mudanças anunciadas darão ao nosso projeto mais consistência e mais velocidade, consolidarão e ampliarão um projeto vitorioso nas urnas em quatro eleições consecutivas. São medidas para transformar o Brasil”, discursou a presidente.
“Queremos um país próspero, cada vez menos desigual, e fazer todo o possível para fortalecer e desenvolver o crescimento econômico, a distribuição de renda e a evolução social. Este é o nosso compromisso: fazer as mudanças necessárias para, juntos, termos
um governo ao mesmo tempo de continuidade e de mudanças.”
Medidas
A presidente detalhou algumas das medidas anunciadas pela equipe econômica até o momento, como as de ajuste fiscal, que mudaram parte das regras previdenciárias, criticadas por sindicalistas.
Segundo Dilma, o Brasil sofreu na área devido à desaceleração econômica mundial, à queda expressiva de preços das commodities (como soja e minério de ferro), além da valorização do dólar, da seca histórica que atingiu parte do País e do aumento do preço da energia. Agora, explicou, cabe ao governo tentar recuperar o crescimento o mais rápido possível, com a garantia da geração de empregos e controle inflacionário.
“Vamos mostrar a cada cidadão ou cidadã que não alteramos em um só milímetro o projeto de desenvolvimentos que aplicamos desde 2003, um projeto de crescimento com distribuição de renda”, ressaltou mais de uma vez no discurso, fazendo eco a tantos outros semelhantes feitos desde o início da campanha eleitoral que a reelegeu no ano passado. “Nosso povo votou em nós porque acredita na nossa capacidade, na nossa honestidade com propósitos.”
Crises
Em tempo de crise hídrica histórica, que tem afetado a distribuição de água para consumo e de energia elétrica em diversas regiões do País – especialmente no Sudeste –, Dilma ressaltou seu compromisso com os governos estaduais e as atitudes tomadas por sua gestão para ajudar a solucioná-los.
Também avisou: o problema que atinge principalmente São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais exigirá atenção especial de seus ministros. “Lembrem que, desde o início, o governo federal apoiou, apoia e continuará apoiando com vultosos investimentos aos Estados, responsáveis pelo abastecimento de água.”
A crise na Petrobras, centro de uma investigação sobre caixa dois e corrupção, também fez parte do discurso presidencial. Dilma defendeu a criação de mecanismos que evitem que os problemas voltem a acontecer. “Temos de continuar acreditando na mais brasileira das empresas. Devemos punir as pessoas e defender a empresa. Punir a corrupção não pode significar punir as empresas”, alertou a presidente.
Assim como falado durante a campanha eleitoral, Dilma reforçou que deve enviar em fevereiro um projeto para tornar mais rigorosa a punição dos funcionários públicos envolvidos em corrupção. Ressaltou também seus planos de criar leis para unificar as regras de segurança pública no País.
Batalha da comunicação
No auge do discurso, Dilma enfatizou sua determinação para que os ministros passem a desmentir opositores que acusam o governo de planejar medidas que possam colocar em risco direitos trabalhistas. Destacando a área de Segurança Pública, concessões em mobilidade urbana e ações de ajuda a estados na crise hídrica, a presidente exigiu deles que argumentem com vigor a tais críticas, mostrando dados de investimentos em diversas áreas.
“Devemos enfrentar o desconhecimento e a desinformação”, ressaltou a presidente. “Reajam aos boatos. Travem a batalha da comunicação. Se façam entender, não podemos deixar dúvidas […]. Os Direitos trabalhistas são intocáveis.”
Encontro
O local escolhido para o encontro foi a Granja do Torto, uma das residências oficiais da presidência, situada às margens do Ribeirão do Torto, em Brasília. Inicialmente ela estava agendada para ocorrer no Salão Oval do Palácio da Alvorada, ao qual a imprensa tem acesso, mas acabou alterada pelo Poder Executivo.
Apesar de ter encontros semanais com os principais aliados nomeados para o segundo mandato – Pepe Vargas (Relações Institucionais), Jaques Wagner (Defesa), Ricardo Berzoini (Comunicações), Miguel Rossetto (Secretaria-Geral) e Aloizio Mercadante (Casa Civil), é a primeira vez que a presidente se reunirá com todos os 39 chefes de ministérios desde que foi reeleita.
As reuniões costumam ser anuais. Em seu primeiro encontro como presidente, em 2011, Dilma se reuniu com os ministros no Palácio da Alvorada e abordou a situação econômica do País e os estragos causados pelas chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro naquele verão. Como a situação da economia é ruim, assim como o clima em diversas regiões do País – o que tem levado à crise hídrica, com possibilidade de racionamento de água e energia em território brasileiro –, os temas não devem fugir muito disso.
O encontro, que deve se estender até o fim da noite, serve para definir as prioridades dos próximos quatro anos de governo.
Participam dele os ministros ocupantes das seguintes pastas: Fazenda, Planejamento, Educação, Saúde, Meio Ambiente, Agricultura, Justiça, Casa Civil, Defesa, Relações Exteriores, Transportes, Cultura, Trabalho e Emprego, Previdência Social, Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Minas e Energia, Comunicações; Ciência, Tecnologia e Inovação, Esporte, Turismo, Integração Nacional, Desenvolvimento Agrário, Cidades, Pesca e Aquicultura, Secretaria-Geral da Presidência da República, Segurança Institucional; Advocacia-Geral da União, Controladoria-Geral da União, Secretaria de Relações Institucionais, Banco Central, Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Secretaria de Políticas para as Mulheres, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Secretaria de Portos da Presidência da República, Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República e Secretaria da Micro e Pequena Empresa.
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