Werdum crê em vitória sobre Cain e em revanche imediata, em Las Vegas

Gaúcho diz que imaginou momento muitas vezes e que reencontro com Junior Cigano no octógono vai demorar um pouco para acontecer: “É assim que visualizo”, afirma
Campeão interino peso-pesado do UFC, Fabricio Werdum enfrenta, neste sábado, o campeão linear, Cain Velásquez, pela unificação dos títulos da divisão. O combate acontece na Cidade do México e será acompanhado de perto pelo número dois do ranking da categoria, Junior Cigano, que viaja ao país como lutador convidado do evento.
Em recente entrevista, Cigano disse acreditar que poderá receber uma chance imediata de disputar o título, caso o gaúcho saia vitorioso do octógono do UFC 188. Mas “Vai Cavalo” crê que o reencontro entre ele e o compatriota vai demorar um pouco mais para acontecer:
– O Cigano com certeza fez história, foi um cara que ganhou de todo mundo, me derrotou em 2008, foi um cara que realmente mereceu e fez o caminho certinho, mas, no dia 13 de junho, eu me vejo ganhando do Velásquez e, depois disso, a revanche vai ser contra o Cain de novo, porém em Las Vegas. É assim que eu visualizo. A revanche seria em Las Vegas, porque a galera vai querer ver e vai vender muito. Acho que a luta pode ser muito rápida, mas a galera vai querer me ver de novo enfrentando o Velásquez. E, depois da revanche, aí sim pode vir o Cigano, tem o Overeem, tem uma galera vindo bem na divisão também. Eu penso que, quando acontecer a revanche, quem tiver melhor posicionado vai ser o próximo a disputar o cinturão. É assim que eu visualizo – revelou em entrevista ao Combate.com.
Da primeira vez que lutou no México, o brasileiro escolheu uma música tradicional do país para fazer a sua entrada no octógono e ganhar a simpatia da torcida. Mas como o adversário desse sábado é considerado a principal estrela do UFC no país, Fabricio deve entrar com uma canção que simbolizará o seu coração de guerreiro:
– Eu escolhi o “Cielito Lindo” na luta contra o Mark Hunt porque o Velásquez não ia mais ser o meu adversário. Se ele tivesse lutado, claro que eu não teria usado essa canção, porque ela é muito tradicional aqui no México. Dessa vez, porém, eu vou entrar com a música “The Gael”, tema do filme “O Último dos Moicanos”. Ela vai ser o tema da minha vitória – revelou.
Werdum também falou sobre o camp de treinamento na cidade de Toluca, a 2.667 metros de altitude, e sobre a popularidade do esporte no México. Confira abaixo:
Pela segunda vez você optou por vir antes para o México para fazer a sua reta final de preparação. O que fez de diferente dessa vez?
– A diferença da primeira vez foi que eu já tinha um pouco mais de experiência, né? Então a gente sente bastante. É impressionante quando você chega no México a diferença. Parece que você nunca treinou na sua vida, o coração fica muito agitado e o ar não vem. Depois de duas semanas, você consegue se adaptar e, agora, eu estou 100% já. Fui para Miami esses dias, achei que ia me afetar alguma coisa, não afetou nada, estou 100%. Dei uma descansada boa também e dessa vez a gente organizou melhor, foi para um lugar que tinha comida, tinha tatame, tinha lugar para dormir. Eu até brinquei que parecia prisão, porque era um lugar bem simples, mas foi bem bom.
Você teve vários amigos por lá durante esse um mês que passou em Toluca, como o Mauricio Shogun e a Cris Cyborg. Como foi a participação deles nessa reta final?
– A galera foi e voltou por conta dos compromissos, mas o meu irmão, o Renato Babalu, o Antonio Braga Neto, o Rafael Cordeiro, a Cris Cyborg, o grupo todinho estava aqui comigo e foi bem legal, até por conta de treinos diferentes. Eu trouxe alguns sparrings, então tinha 10, 12 pessoas comigo, dependendo da época. A galera gostou, foi muito divertido, a gente ficou lá 100% concentrado. Tinha cavalo, a gente conheceu pessoas na volta que nos convidaram para comer na casa delas, andar à cavalo. Foi ótimo ficar com a galera. E o Shogun também me deu uma força muito grande, até quero agradecê-lo, porque ele é um amigo de muitos anos, fez sparring comigo. A Cris também, e é impressionante, porque ela motivava todo mundo. A gente acabava de treinar e ela continuava fazendo alguma coisa, porque ela é hiperativa, e até hoje a gente manda mensagem no grupo do WhatsApp um para o outro.
A primeira vez que você lutou aqui a torcida te apoiou. Como acha que vai ser no sábado?
– Eu acho que a torcida vai ser 70% para ele e 30% para mim. E esses 70% vão ser a maioria do México e os 30% vão ser de pessoas da América Latina que estão vindo para ver o evento. É normal, estou lutando praticamente na casa dele. Já esperava por isso e isso só me motiva mais.
Desde que você conquistou o cinturão interino, muita gente andou dizendo que você só seria considerado o real campeão depois de enfrentar o Cain Velásquez. Isso te chateia ou te chateou?
– Isso aconteceu muito, de todo mundo dizendo que o cinturão interino é o provisório, mas as pessoas não estão no meu lugar para saber o que eu passei para chegar até aqui. Na minha opinião, o cinturão que eu tenho é o verdadeiro, por isso mesmo o UFC está fazendo um anúncio no qual os dois campeões vão lutar, é uma unificação. O Cain Velásquez não luta há dois anos, eu lutei várias vezes para chegar ali e eu mereci. Não tenho culpa que o Velásquez não estava no dia da luta. Eu estava ali para lutar.
Por que você merece ser o campeão neste sábado?
– Eu acho que a vontade que eu tenho é maior que a do Velásquez, que deu uma estagnada no tempo por essa coisa de ser o campeão, de ter muitos compromissos, treinar pouco. Essa é a minha opinião, pode ser que esteja enganado, mas ele não está na ativa, né? Essa vontade que eu tenho de ganhar é muito grande, sempre digo que represento o Brasil e tenho orgulho de ser gaúcho. Quero que as pessoas acreditem mais no Brasil e no brasileiro, porque eu vejo muitas mensagens assim: “Ah Werdum, eu gosto muito de ti, sou teu fã, mas o Velásquez vai te quebrar”. E eu penso: “Poxa, valeu obrigado pelo apoio”. Tem coisas assim… Mas, poxa, se for para escrever algo assim, então não fala, deixa de comentar, isso não dá uma motivação extra, só atrapalha, porque a gente fica vendo essas coisas. E eu sou viciado no meu Instagram, não tem como não ver esses comentários.
Você disse que se sente mais mexicano que o Velásquez. Pode explicar esse sentimento?
– Como eu trabalho na televisão como comentarista, as pessoas estão acostumadas comigo, não só aqui no México, como em toda a América Latina. Eu já vim para o México mais de 20 vezes, já é a segunda vez que venho lutar aqui, fora o tempo que fiquei aqui para cada luta, então não é que eu me sinto mais mexicano, é que eu tenho muitos amigos mexicanos, tem o Mario Delgado, que me ajuda muito, o meu patrocinador que é mexicano. Imagina, eu sou brasileiro, queria muito ter um patrocinador brasileiro também, e não tenho, e o meu patrocinador principal é o Redot, que é fora da realidade. O cara nem conhecia o que estava acontecendo no mundo da luta, porque foi um patrocinador que eu nunca tinha visto igual. Claro, não vou falar valores, mas é um parceiro que me deixou muito feliz e que fechou por três anos. Então, são coisas assim… O patrocinador é mexicano, tenho muitos amigos aqui, tenho muitos fãs, porque as pessoas estão acostumadas comigo na televisão.
Você disse que se vê derrotando o Velásquez e lhe concedendo a revanche. Você imagina como será esse momento?
– Sim, eu já visualizei, sempre faço isso. Eu me vejo entrando, como vai ser a luta, algumas vezes vejo o Cain me batendo, soltando algum golpe, mas eu sempre tiro isso da cabeça e coloco a parte boa, comigo finalizando ou nocauteando e a minha entrevista para o Joe Rogan agradecendo às pessoas que me fizeram chegar até aqui. Eu agradecendo a minha família, minha equipe, o Rafael Cordeiro, que está comigo há oito anos, o Renato Babalu, que me segue sempre, o Orlando, o meu irmão Felipe, que está desde a primeira luta comigo. Eu quero poder falar e agradecer as pessoas que estão comigo.
Quando chega assim na semana da luta, você costuma ficar ansioso? Como você controla essa ansiedade ou esse nervosismo?
– Nervoso é difícil falar, eu fico mais ansioso, né? Então tem que cuidar muito, porque quando me dá ansiedade eu quero comer muito. Fiquei muito tempo na altitude e estava bem isolado, não tinha ninguém para ficar em volta, estávamos só nós, só a equipe e é diferente, porque você fica um tempão isolado, concentrado e aí quando você sai e vê os fãs, tudo isso de gente… É legal por um lado, mas quero que chegue a luta de uma vez.
O Combate transmite o UFC 188 ao vivo e com exclusividade neste sábado a partir de 19h (horário de Brasília), e o Combate.com acompanha em Tempo Real, com vídeo ao vivo das duas primeiras lutas do card preliminar. Na sexta-feira, site e canal exibem a pesagem oficial a partir de 19h45. Confira o card completo:
UFC 188
13 de junho, na Cidade do México (MEX)
CARD PRINCIPAL – 23h (de Brasília)
Peso-pesado: Cain Velásquez x Fabricio Werdum
Peso-leve: Gilbert Melendez x Eddie Alvarez
Peso-médio: Kelvin Gastelum x Nate Marquardt
Peso-pena: Charles Rosa x Yair Rodríguez
Peso-palha: Tecia Torres x Angela Hill
CARD PRELIMINAR – 19h30m (de Brasília)
Peso-mosca: Henry Cejudo x Chico Camus
Peso-leve: Drew Dober x Efrain Escudero
Peso-galo: Alejandro Pérez x Patrick Williams
Peso-leve: Johnny Case x Francisco Treviño
Peso-meio-médio: Augusto Montaño x Cathal Pendred
Peso-pena: Gabriel Benítez x Clay Collard
Peso-meio-médio: Albert Tumenov x Andrew Todhunter
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Por Combate