Ídolo da base, casal 10+9, cobrador de faltas… As designações de R10 no Flu

“Líder técnico” e idolatrado, craque chega para dividir responsabilidade com Fred. Dois dias de treinamento são suficientes para notar a mudança de rotina no Tricolor
Popstar, dentuço, camisa 10, meia, líder técnico, companheiro de altinha, pagodeiro, ídolo. São diversos os nomes para designar Ronaldinho Gaúcho. Desde sua chegada ao Fluminense, a expectativa sobre o craque, tanto do elenco quanto da torcida, é grande. Não restaram dúvidas nos dois primeiros dias treinamentos, em que os fãs encheram a arquibancada social das Laranjeiras e vibraram a cada lance do novo reforço do clube – fez quatro gols na atividade de campo reduzido, para o delírio dos tricolores.
A questão se Ronaldinho vai estrear ou não contra o Grêmio, sábado, no Maracanã, persiste. Isso é coisa para a comissão técnica e a preparação física resolverem, disse o vice de futebol Mário Bittencourt. A incerteza, porém, não tira a animação acerca do craque. Se havia dúvidas sobre a relação entre R10 e Fred, e a divisão de liderança e responsabilidade, elas foram esclarecidas pelas palavras dos próprios jogadores: segundo eles, não há ciúmes nem dificuldade.
E dificuldade de relação parece mesmo não existir, principalmente no que diz respeito aos jovens. Ronaldinho foi ídolo de infância de alguns deles, que não escondem o sorriso ao encontrarem com o craque. “Um sonho realizado”, afirmou o atacante Marcos Junior certa vez. Mesmo sem a estreia em campo, alguns “efeitos Ronaldinho” podem ser notados, e as especulações sobre o desempenho do futebol do meia são inevitáveis.

R10 encontra Fred no primeiro dia de treino: divisão de liderança e assédio no Flu
(Foto: Nelson Perez / Fluminense FC)
Ronaldinho Gaúcho e Fred, casal 10+9
Quando surgiu a ideia de contratar Ronaldinho, Fred foi consultado. O capitão não titubeou:
– Quando me perguntaram sobre a contratação, tenho que admitir para vocês que fiz campanha para ele vir – disse em coletiva há quase duas semanas.
Os comentários em torno do possível sucesso da parceria de dois ídolos em campo surgiram. Se Washington e Assis são o casal 20, Ronaldinho e Fred seriam o 19: 10 da camisa do meia, mais 9, do atacante. O capitão deixou claro que não tem essa de dupla.
– Não seremos uma dupla, eu e ele. Seremos todos um coletivo. Vamos dar suporte para os moleques continuarem brilhando.
Pessoalmente, os contatos entre os dois não foram muitos. Além destas segunda e terça, eles se encontraram no dia da apresentação de R10, no Maracanã.

Ronaldinho Gaúcho cumprimenta torcedores ao entrar em campo no primeiro treino no Flu
(Foto: André Durão)
Divisão de liderança
Que Fred é a referência de liderança do Fluminense, ninguém tem dúvidas. O atacante é a principal ponte entre os jogadores e o departamento de futebol, além de ídolo da torcida e capitão em campo. Todos o respeitam. Já Ronaldinho é um líder símbolo, natural por tudo o que conquistou no futebol. O camisa 9 prevê uma divisão de responsabilidades, o que para ele é positivo. R10 será um “líder técnico” do time.
– Pô! Ganhou Copa, Champions, tudo, campeonato de bairro. É um gênio. Cara que vai fazer a diferença para nós. Eu sempre gosto de dividir a liderança, é uma coisa natural. Temos o Gum, temos o Cavalieri no jeito dele. O Ronaldinho vai ser um líder técnico. Vai contagiar o ambiente com alegria. Vi o alvoroço que a molecada fez. Vai mexer com todos e vai ser um líder positivo para nós – disse Fred.
Ronaldinho mantém a humildade. Nada de disputar o espaço de destaque do capitão. O que ele quer é jogar bola…
– Não vim para comandar nada. Vou me esforçar para ser um bom exemplo. Sei que vai ser difícil correr mais do que os jovens (risos). Mas estou aqui para ajudar. Eu vim pensando em jogar bola.

Ronaldinho posa ao lado de Douglas, da base: craque é idolatrado pelos jovens
(Foto: Nelson Perez / Fluminense FC)
Idolatria dos jovens
Não é exagero dizer que os mais jovens do elenco ficaram extasiados com a ideia de ter Ronaldinho Gaúcho como novo companheiro de trabalho. Um dia antes de o Fluminense anunciar a contratação, Marcos Junior não sabia nem o que dizer:
– Nossa, é um sonho realizado. É meu ídolo. Desde pequeno – disse o atacante de 22 anos. R10 tem 35.
Gustavo Scarpa, que havia marcado o único gol da vitória sobre o Cruzeiro, um dia antes, compartilhou da opinião do companheiro: “Sem palavras”. Simone revelou que Marcos Junior, considerado pela diretoria um dos mais habilidosos do elenco, disse que estava louco para jogar altinha com o craque. Agora o sonho não está distante…
Nesses dois primeiros dias, os pedidos de fotos dos companheiros não surpreenderam R10, que parou e conversou com todos. No treinamento de terça, Gerson parecia já ter conquistado a simpatia do craque. O que pode ser o futuro do Barcelona ganhou um abraço do que já foi eleito o melhor do mundo quando atuava pelo clube catalão, 10 anos atrás, além de sorrisos e brincadeiras. A presença dos jovens agrada ao meia.
– É importante ter essa mistura de jogadores experientes com jovens. Isso faz com que equipes conquistem títulos, e espero poder ajudar em todas as formas, por tudo o que já vivi no futebol. Colocar essa garotada para correr, e nós podermos fazer história juntos – afirmou Ronaldinho.

Ronaldinho está animado em trabalhar com jovens no Fluminense
(Foto: UANDERSON FERNANDES – Agência Estado)
Cobrador de faltas necessário
Com Ronaldinho Gaúcho, o Fluminense ganha um cobrador de faltas. Essa especialidade do craque estava faltando no elenco. Se não levar em conta o gol de Scarpa contra o Cruzeiro, porque foi uma jogada ensaiada – bola rolada por Jean para o bonito chute do jovem -, o Tricolor não marca dessa forma desde o dia 27 de setembro de 2014. O autor: Darío Conca. Foi no dia em que a equipe venceu o São Paulo por 3 a 1 pelo Campeonato Brasileiro. Fred diz que R10 terá o suporte para fazer o que sabe.
– Espero que o nosso nível técnico aumente muito com a chegada do Ronaldinho. Nós vamos fazer de tudo para que ele tenha um suporte para fazer o que sabe – disse o capitão.
Vinícius, que se recupera de cirurgia após fratura no pé, vinha treinando faltas. Scarpa cobrou nas últimas partidas quando exigido. Mas agora com Ronaldinho a história é outra. Bola parada? É dele.

Ronaldinho Gaúcho levou um grande público às Laranjeiras nos treinamentos
(Foto: Nelson Perez/Fluminense FC)
Mudança de rotina nas Laranjeiras
No segundo dia, Ronaldinho chegou já de uniforme, foi para a academia do clube, treinou no campo e entrou no carro sem se trocar para ir embora. Nesse tempo, as pessoas se espremiam na grade da sede junto ao gramado para ver um aceno do craque. Depois de duas derrotas da equipe no Brasileirão – para Vasco e Chapecoense -, caso o meia não estivesse lá, a recepção dos torcedores não seria a mesma. O vice de futebol Mário Bittencourt diz que a rotina não mudou:
– Ronaldo é um astro do futebol mundial e tínhamos certeza de que algumas coisas ficassem diferentes. Não mudou nada a rotina. Presença de público nos deixa satisfeitos. Quando o Fred e o Romário chegaram também houve frisson – afirmou o dirigente.
Mas o apelo do jogador é indiscutível. Não dá para dizer que é comum a todas as contratações. E não foi só a movimentação na sede: o Tricolor teve um “boom” de adesão no programa de sócio-torcedor, ganhando 9 mil associados em uma semana e chegando a 34 mil.
Se Ronaldinho vai estrear ou não contra o Grêmio, só Enderson Moreira pode confirmar. Enquanto isso, o tricolor pode dar uma passada na Rua Álvaro Chaves, número 41, para, pelo menos, observar de longe o novo camisa 10 do Fluminense.
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Por Globo Esporte.com