Flip reconduz curador para 14ª edição

Associação Casa Azul confirma Paulo Werneck na curadoria da programação principal e abre temporada de sugestões para a festa literária, que acontecerá entre de 29 de junho e 3 de julho de 2016
A convite da Associação Casa Azul, que realiza a Festa Literária Internacional de Paraty, o editor Paulo Werneck, de 37 anos, assume em outubro a curadoria da Flip 2016, que acontecerá entre 29 de junho e 3 de julho. É o segundo curador a realizar três edições da festa, assim como Flávio Moura, curador entre 2008 e 2010. Nas Flips em que Werneck trabalhou, foram homenageados Millôr Fernandes (1923-2012) e Mário de Andrade (1893-1945).
Em 2014, o tributo a Millôr – autor convidado da primeira edição de festa, em 2003 – pôs um cartunista lado a lado com os grandes escritores brasileiros já celebrados em Paraty. Com ele, o humor, a obra literária e o jornalismo crítico ao poder deram o tom da programação, que ao não repetir autores convidados em edições anteriores procurou apresentar uma renovação geracional nas referências do leitor brasileiro. Nomes de peso da ficção brasileira e internacional foram apresentados, e novos idiomas pela primeira vez ressoaram na Tenda dos Autores: a língua ianomâmi, na inédita participação de um autor indígena na programação principal, Davi Kopenawa, e o russo, com o dramaturgo e romancista Vladímir Sorókin, primeiro autor do país de Tolstói a participar da Flip. A visão de Paulo Mendes da Rocha sobre as relações entre arquitetura e território, as conexões da cultura com a ciência e os 50 anos do golpe de 1964 vistos pela literatura também estiveram na pauta da Flip 2015, que pela primeira vez abriu os telões e o show de abertura ao público, gratuitamente.
Se o ano de 2014 teve a marca de um autor de fora do cânone, na Flip 2015 foi a vez de um clássico ter sua vida e obra revistas no Brasil de hoje, quando se completam 70 anos de sua morte: Mário de Andrade. Literatura de viagem, música brasileira, cultura popular e erudita, arquitetura e urbanismo, erotismo, gestão pública da cultura e as conexões do modernismo de 22 com a América Latina foram alguns dos eixos das discussões inspirados por Mário. “Em Busca de Mário de Andrade”, curso preparatório da homenagem que teve a curadoria realizada por Werneck em parceria com o Centro de Pesquisa e Formação do Sesc-SP, reuniu mais de 30 intelectuais para interpelar a vida e a obra do autor de Macunaíma. Com a presença de onze poetas de língua portuguesa, a Flip destacou a poesia e a literatura brasileira, revelando ao grande público novos nomes, como a lisboeta Matilde Campilho e a recifense adotiva Karina Buhr, e celebrando autores consagrados, como os brasileiros Arnaldo Antunes e Jorge Mautner, o queniano Ngugi wa Thiong’o e o dramaturgo inglês David Hare. A conferência de José Miguel Wisnik (que tem sua versão impressa publicada na revista Piauí de outubro), outro momento grandioso, fechou a 13ª. edição da festa.
O diálogo entre as artes, uma premissa desde a primeira Flip, a cada ano é levado às novas fronteiras do debate, por exemplo, na reflexão sobre as implicações culturais e éticas de nossa alimentação, com a presença do ensaísta Michael Pollan em 2014, ou a interlocução permanente com a ciência, área que teve presença ampliada na programação.
Democratização do acesso
Nas últimas duas edições, a Casa Azul consolidou sua política de ampliação do acesso aos conteúdos da Flip e da programação paralela oficial, durante a festa literária em Paraty e em suas plataformas digitais. Desde 2014, a programação da Flip é transmitida gratuitamente nos telões em Paraty e seus áudios foram disponibilizados pela internet no canal da Flip no YouTube. Em 2015, a FlipMais passou a ter sua programação, em Paraty, inteiramente gratuita, como a da Flipinha e da FlipZona.
“O resultado bem-sucedido dessa perspectiva democratizou o acesso à Flip, ampliou a relação entre a literatura e outras artes e diversificou a programação. A expectativa para 2016 é o desdobramento dessa direção aliado à capacidade de Werneck para a criatividade na expansão e integração de conteúdos e no modo original de juntar as pessoas”, afirma Mauro Munhoz, diretor presidente da Associação Casa Azul. “É na possibilidade de surpreender que reside a força da curadoria de Werneck.”
Temporada de sugestões 2016
O curador inicia os trabalhos de 2016 abrindo uma temporada de sugestões, para que leitores, editores e escritores possam enviar ideias para a programação. No site da Flip (flip.org.br), a partir do dia 15/10, uma página reunirá informações claras sobre o funcionamento, os prazos e o procedimento para encaminhar sugestões para a programação principal. “A Flip é para todos, e nesse movimento de abertura precisamos ter um canal aberto para ouvir as boas ideias que o público e todos os editores tenham a oferecer”, afirma Werneck. A homenagem de 2016 deverá ser anunciada ainda em outubro. As sugestões devem ser enviadas conforme as instruções do site até o dia 15 de fevereiro. Os primeiros convites internacionais já estão sendo enviados.
Flip 2016
A 14ª edição da Flip acontece de 29 de junho a 3 de julho.
Quem faz a Flip
A Casa Azul é uma organização da sociedade civil de interesse público que desenvolve projetos nas áreas de arquitetura, urbanismo, educação e cultura. Desde as primeiras ações, há mais de vinte anos, vem desenvolvendo uma metodologia de leitura territorial capaz de potencializar importantes transformações no território. Em Paraty, onde a associação se originou, esse processo levou à realização de ações de permanência, com projetos como a Flip, a Biblioteca Casa Azul e o Museu do Território, entre outros.
Patrocínio
A programação da Flip é realizada por meio das leis de incentivo à cultura da Secretaria de Cultura do Estado Rio de Janeiro e do Ministério da Cultura do Governo Federal, e conta com patrocínio de empresas e organizações em vias de captação.
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Por Ascom / Flip