Irmãos “Dos Santos” fazem colheita de medalhas no atletismo

Deficientes visuais, Kelianny e Geovanio se destacaram em provas do atletismo no primeiro dia de provas
Geovanio dos Santos é um veterano de Paralimpíadas Escolares. Tão veterano que nem consegue lembrar a quantidade de medalhas que já acumulou nas três edições de que participou antes de chegar aos Jogos de 2017. No primeiro dia de competições deste ano no CT Paralímpico de São Paulo, contudo, ele sabe bem que já pode adicionar à coleção mais dois ouros, conquistados no lançamento do dardo e do disco para deficientes visuais. E tem no horizonte mais uma prova, a dos 1.500m.
“Está sendo muito legal competir contra outras pessoas em várias modalidades. Fiquei feliz demais com o resultado”, disse. A festa na família “Dos Santos” ficou completa com o título nos 100m conquistado por Kelianny, de 12 anos, que estreou no evento. Ambos são deficientes visuais. Ela, de nascença. Ele desde os dez anos. Em comum à dupla, a aptidão para o atletismo, segundo os treinadores, e a confiança. “Na minha mente eu só sentia o tempo todo que ia ganhar”, afirmou Kelianny.
Chefe de delegação de Sergipe, Ezequias Machado considera Kelianny um talento nato, com capacidade diferenciada. Atleta-guia de Geovanio, Garcez Freitas Santos avalia o pupilo com quem começou a trabalhar há menos de um mês como “fora do padrão”. “Ele tem uma auto-percepção muito boa, uma coordenação motora fina, uma noção de tempo e espaço para fazer a parte da corrida e lançamento com foco. Sabe exatamente como percorrer o caminho e lançar”, elogiou.
Segundo Ezequias, a delegação de Sergipe, quinta colocada no atletismo na edição de 2016 dos Jogos, veio com 27 atletas e pretensões superlativas. “Queremos estar entre os grandes no atletismo”, afirmou. Para Garcez, a estrutura de ponta do CT Paralímpico de São Paulo contribui para que os atletas melhorem marcas e índices. “O Geovanio mesmo melhorou índices nas duas provas que disputou. E entra como favorito para os 1.500m”, afirmou o guia.
Outro fator de motivação apontado por atletas e técnicos é que os pódios nas provas individuais são uma porta para a obtenção da Bolsa Atleta do Ministério do Esporte. “A grande maioria dos nossos atletas é de baixa renda. Por isso, a bolsa ajuda muito e dá condições de sustentabilidade para a sequência do trabalho”, disse Ezequias.
As Paralimpíadas Escolares seguem até sexta-feira (24.11) e reúnem mais de 900 atletas, das 27 unidades da Federação, com a disputa de dez modalidades. Além do atletismo, o CT Paralímpico de São Paulo recebe provas de basquete em cadeira de rodas, futebol de 5, bocha, futebol de 7, goalball, judô, natação, tênis de mesa e tênis em cadeira de rodas.
Por Rede do Esporte