Tiro com arco estreia com a mira voltada para a vaga olímpica em Tóquio
Delegação nacional terá oito integrantes na competição em Lima, 100% deles apoiados pelo programa Bolsa Atleta
O alvo da equipe de tiro com arco do Brasil nos Jogos Pan-americanos de Lima vai muito além dos 70m de distância na prova do recurvo. O objetivo da modalidade é carimbar o passaporte para Tóquio 2020, reservado aos campeões individuais e por equipe. Para isso, o Brasil chega com equipe completa na competição continental, com três atletas no masculino e três no feminino. As disputas têm início nesta terça-feira, dia 6, e o Brasil será representado ainda na prova não olímpica do composto, com dois atletas.
Entre os destaques do sexteto está Marcus D´Almeida, que conquistou diversos títulos nas categorias de base, entre eles o mundial em 2015 e a 152.100medalha de prata nos Jogos Olímpicos da Juventude 2014. Depois de rápida ascensão, o carioca de 21 anos ainda foi bronze por equipes em Toronto 2015. Embalado pelo nono lugar no último mundial da modalidade, na Holanda, ele espera seguir com bons resultados no Pan de Lima.
“Nas últimas Copas do Mundo e no Mundial fiquei entre os oito, o que é uma consistência boa. Espero que aqui no Pan eu consiga atirar bem. O foco é manter essa média e buscar a medalha no individual, que seria inédita para o Brasil. Nosso time está na briga”, projetou Marcus, que para conseguir a vaga olímpica no individual precisa ser medalha de ouro ou prata, caso o vencedor seja um americano.
Grazi, a Karapanã do time
Na equipe feminina, Graziela Santos tem uma relação quase ancestral com o arco e a flecha. Nascida na comunidade indígena Nova Canaã, com apenas 64 habitantes, em Rio Cuieras, na região amazônica, ela sempre brincou com os objetos antes de eles virarem seus instrumentos de trabalho.
“Tenho muito orgulho da cultura indígena. A gente utilizava arco e flecha para sobrevivência, mas para mim, quando criança, era mais diversão. Como esporte, comecei a praticar para ajudar a minha escola nos Jogos Interculturais Indígenas. Aí, em 2013, uma senhora apareceu procurando atletas de tiro com arco. Passei na seletiva com outras 12 pessoas e fui morar em Manaus”, contou a jovem da etnia Karapanã. Grazi, hoje com 24 anos, não tinha carteira de identidade até o ano 2000. Seu nome indígena é Iaci, que significa Lua.
O esporte vai levando Graziela a lugares que nunca imaginava conhecer. “Já fui para Turquia, México, Holanda, República Dominicana e agora o Peru. Quando eu era pequena, sempre sonhei fazer faculdade e arrumar um trabalho em que viajasse muito. E através do esporte consegui isso. O meu sonho de criança se realizou através dele”, afirmou a jovem, que se formou no ano passado em Ciências Contábeis por uma universidade de Manaus.
O time de tiro com arco do Brasil será comandada pelo treinador colombiano Jorge Carrasco, que está à frente da equipe brasileira há cerca de quatro meses implementando uma nova filosofia de trabalho.
Além de Marcus e Graziela, a equipe de recurvo terá Anne Marcelle dos Santos e Ana Luiza Caetano, no feminino, e Bernardo Oliveira e Marcelo Costa, no masculino. Na prova do composto representam o Brasil Bruno Brassaroto e Gisele Meleti.
100% de bolsistas
O tiro com arco é uma das dez modalidades do programa dos Jogos Pan-Americanos em que 100% dos atletas convocados para a seleção brasileira são vinculados ao programa Bolsa Atleta, da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. Dos oito integrantes da delegação, pertencem à categoria Nacional, um está na Internacional e dois são da Olímpica. O investimento federal anual no grupo é de R$ 152.100.
Na modalidade como um todo, há atualmente 88 praticantes do tiro com arco olímpico e paralímpico contemplados pelo Bolsa Atleta, num investimento federal anual de R$ 1,04 milhão. Em Lima, 333 atletas dos 485 originalmente inscritos na delegação nacional integram o programa, num investimento anual de R$ 14,6 milhões.
Por COB