Prefeitura de Paris concede a Lula título de cidadão honorário da cidade
A prefeitura de Paris concedeu nesta quinta-feira (3) o título de “cidadão honorário” ao ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde 7 de abril de 2018 na superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba. A menção honrosa, aprovada nesta tarde pelos membros do Conselho de Paris – órgão equivalente à Câmara de Vereadores – é atribuída pelo compromisso do ex-presidente com a redução das “desigualdades sociais e econômicas” no Brasil.
Esse compromisso “permitiu que quase 30 milhões de brasileiros saíssem da extrema pobreza e acessassem direitos e serviços essenciais”, afirmou a prefeita de Paris, a socialista Anne Hidalgo, em comunicado.
“Lula se destacou por uma política proativa de combate às discriminações raciais, especialmente marcadas no Brasil”, acrescenta a prefeita. Ela também lembrou que muitos defensores da democracia são atacados no país.
Mandela também recebeu o título
A condecoração é considerada muito importante. Ela foi atribuída apenas 17 vezes desde que foi criada, em 2001, para homenagear personalidades presas ou em perigo por causa de suas opiniões políticas. Antes de Lula, o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, a escritora bengalesa Taslima Nasreen, defensora dos direitos das mulheres, e a advogada iraniana Shirin Ebadi, prêmio Nobel da Paz em 2003, foram congratulados.
O ex-presidente, de 73 anos, que governou o Brasil de 2003 a 2010, cumpre oito anos e dez meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex em Guarujá. Ele foi condenado em primeira instância pelo então juiz Sérgio Moro, em 2017, e teve a pena ampliada para 12 anos pelo Tribunal Federal da 4ª Região, em janeiro de 2018. Posteriormente, o Superior Tribunal de Justiça redefiniu a pena.
A nota oficial da prefeitura de Paris recorda que o líder de esquerda foi condenado quando pretendia disputar novamente a presidência. “Ele sempre afirmou ser vítima de uma conspiração política para impedi-lo de voltar ao poder enquanto era o favorito da eleição presidencial de outubro de 2018, que viu a vitória do candidato de extrema direita Jair Bolsonaro”, recorda o texto.
“O Comitê dos Direitos Humanos da ONU pediu às autoridades brasileiras que assegurassem os direitos civis e políticos de Lula, principalmente o de ser candidato. Mas ele teve esse direito negado, apesar de chefes de Estado europeus, de parlamentares franceses e de juristas internacionais denunciarem a inconsistência das provas apresentadas pela acusação”, destaca a nota.
Na sequência, o comunicado informa que o jornal americano The Intercept revelou que o juiz [Sérgio Moro], autor da condenação, organizou com os procuradores anticorrupção da Lava Jato uma forma de impedir que o petista se apresentasse na eleição. “Em julho de 2018, a decisão da Justiça estimando ilegal a prisão do ex-presidente e que solicitou sua liberação imediata foi revogada sob ordens do juiz”, ressalta o texto.