Sertão Transfigurado: Concerto de Natal com Elomar e Orquestra Conquista Sinfônica
A Orquestra Conquista Sinfônica da ARCOS dedica seu concerto de encerramento da temporada 2019 à obra de Elomar Figueira Mello, que há muito tempo está mergulhado no universo das composições com a formação sinfônica, isolado na caatinga. Para tanto, nos dias 20 e 21 de dezembro, no Centro de Cultura, em Vitória da Conquista, a orquestra recebe o próprio autor como convidado especial para se apresentar no mesmo palco, reunindo no repertório parte de sua produção de música de câmara, arranjos de canções e árias de suas óperas, dentre elas, destacamos a estreia da última ária da ópera “O Retirante”, executada pela primeira vez para o público do Brasil, na cidade de Vitória da Conquista.
A importância dessa junção entre Elomar e a Orquestra Conquista Sinfônica reside no principal fato de que Elomar tem muitas obras inéditas, óperas, antífonas, concertos que nunca foram executados, mesmo ele tendo projetado um teatro para montagem de óperas, no meio da caatinga, na fazenda Casa dos Carneiros, o Domus Operae – com a caixa cênica concluída – e uma sala de concertos de música de câmera, porém, sempre teve que contar com equipamentos culturais de fora. Esse primeiro passo posiciona a Orquestra Conquista Sinfônica, que é uma orquestra de câmera em desenvolvimento, composta de voluntários, agora alinhada em um projeto maior, para ser orquestra residente e trazer ao mundo a mente musical criativa e sensível de Elomar Figueira Mello.
Sertão Transfigurado
O nome do concerto “Sertão Transfigurado”, foi dado pelo próprio Elomar, uma metáfora, simbolizando um sertão poético, sublimado, sagrado, um sertão posicionado no mundo do realismo fantástico, no âmago do surreal, como forma de louvar e referenciar um sertão que não mais existe corrompido em suas raízes e valores.
A Orquestra Conquista Sinfônica – OCS foi criada em 2013, atualmente gerenciada e representada pelos ARCOS, Associação das Culturas Orquestrais e Sinfônicas. Com a sigla ARCOS-OCS, o corpo orquestral é formado por voluntários, já tendo desenvolvido atividades de ensino para crianças ligadas à Rede Municipal de Atenção, da Secretaria de Assistência Social do Município. Nos dois últimos anos a OCS-Arcos tem proporcionado à cidade uma agenda de concertos periódica para um público cada vez mais crescente e diversificado. A orquestra conta com a parceria da Prefeitura Municipal com a cessão de alguns instrumentos e do NEOJIBA, com o interesse em fortalecer as ações sociais a partir da música como meio de inclusão social e agregar iniciativas voltadas para as culturas sinfônicas.
Sobre Elomar Figueira Mello
Compositor, cantador e violonista, Elomar foi “descoberto” na década de 70 por DAVID HAW e apresentado ao Brasil por Marcos Pereira, produtor fonográfico que produziu e divulgou, na época, artistas até então desconhecidos do grande mercado fonográfico brasileiro, como Xangai, Quinteto Violado e Chico Maranhão. Perto de completar 82 anos de idade (21/12/1937), Elomar Figueira Mello possui uma obra de caráter erudito com escrita sinfônica e operística com mais de 90% dela inédita. Seu trabalho é reconhecido pela crítica (mínima) como um dos mais representativos das culturas dos sertões do Brasil. Mais conhecido pelo seu cancioneiro, tem uma grande parte de sua obra inédita de caráter operístico-orquestral. Mas sempre uma obra genuinamente brasileira, um compositor que prima por defender a nossa cultura, livre de qualquer mácula ou elementos estranhos às nossas origens. Desde a década de 80, Elomar vem se apresentando nos palcos do Brasil e fora do Brasil, “Ao Menestrel”, com o seu violão e sua voz de barítono, celebrando a figura, os feitos e cantos dos antigos menestréis, levando o público a fazer um pequeno passeio nas páginas do seu cancioneiro, cantando suas cantigas e loas no seu peculiar trovar. Nos últimos 15 anos, vem experimentando a montagem de cenas de suas óperas e assistiu e participou na direção da montagem de duas óperas, na íntegra, A Carta e o Auto da Catingueira. Mesmo se apresentando ao Menestrel, Elomar insere em seus concertos a execução de árias de óperas, uma forma de levar ao público do Brasil, a sua produção operística. Aos poucos, vem tendo a sua produção de música orquestral conhecida e reconhecida. O mais novo disco “O Menestrel e o Sertão Mundo” foi lançado em 2017.
Após estudar na cidade de São Salvador, durante 11 anos, o seu exílio babilônico – em um pedaço da adolescência marcada pela grande pobreza que não impediu a alta poética da juventude boêmia – cantando e produzindo parte do seu cancioneiro nas frias pensões de Salvador, quando estudou no Colégio Dois de Julho e quando fez Arquitetura e Urbanismo na UFBA; após ter concluído, Elomar volta para casa em 1964: de volta para o Sertão, seu lugar.
Desde quando começou, intelectuais de todo o país se interessaram pelo homem sertanejo que era capaz de compor um repertório aparentemente impossível para um caatingueiro. Uma arte que reúne a linguagem poética dos autos e romances medievais e uma complexidade musical que só era considerada presente nas academias. Por mais de 30 anos Elomar Figueira compôs centenas de canções e peças eruditas, a maioria deste gênero erudito, ainda desconhecida do público pelas dificuldades de gravação e execução.
Serviço
SERTÃO TRANSFIGURADO – CONCERTO DE NATAL COM ELOMAR E ORQUESTRA CONQUISTA SINFÔNICA
Dias: 20 E 21 DE DEZEMBRO
Local: CENTRO DE CULTURA – VITÓRIA DA CONQUISTA
Hora: 21h
Valor do Ingressos
- R$ 80,00 – Inteira
- R$ 40,00 – Meia
Pontos de venda: Bilheteria do Centro de Cultura
Sede da agência de Elomar: Rossane Comunicação – Rua Siqueira Campos, 578. Recreio
Vendas online: http://rossanecomunicacao.com.br/elomar-sertaotransfigurado/
Por Rossane Nascimento