De olho na sexta medalha olímpica, Scheidt volta à Laser para brigar por vaga em Tóquio
Aos 45 anos, maior medalhista da história do Brasil em Jogos Olímpicos dará atenção especial ao físico e terá calendário seletivo de competições neste primeiro semestre
Pouco mais de um ano após anunciar a aposentadoria das regatas em Olimpíadas, o velejador bicampeão olímpico Robert Scheidt reencontrou, aos 45 anos, motivação para iniciar uma nova campanha, desta vez visando aos Jogos de Tóquio 2020.
Dono de cinco medalhas olímpicas, duas delas douradas, conquistadas em Atlanta 1996 e Atenas 2004, ambas na classe Laser, Scheidt escolheu o Yacht Club Santo Amaro, em São Paulo, onde iniciou a carreira na vela, para fazer o anúncio na manhã desta terça-feira (05.02). “Ainda me sinto competitivo e ainda adoro velejar”, afirmou. Se atingir seu objetivo, será o recordista brasileiro em participações em Olimpíadas, com sete edições no currículo.
“A partir de 2018, quando voltei a fazer alguns treinos na Laser, no Lago Di Garda (na Itália, onde mora com a família), junto com velejadores italianos e alguns estrangeiros, senti que ainda era competitivo, com um bom nível de energia física”, recordou o velejador. “Comecei a pensar que talvez existisse a possibilidade de tentar mais um ciclo olímpico. Depois, disputei a Copa Brasil (foi vice-campeão). Mas a definição veio da minha vontade de tentar mais uma vez, provavelmente a última possibilidade que terei de buscar uma Olimpíada. A vontade de me superar, de atingir esse objetivo, falou mais alto”, prosseguiu.
Scheidt vai em busca da sexta medalha olímpica, a quarta na classe Laser, na qual acumula, além dos dois ouros, uma prata (Sydney 2000). Além das medalhas na Laser, Scheidt tem uma prata e um bronze na classe Star (em Pequim 2008 e em Londres 20012).
Cauteloso, ele garante que neste momento não pensa em pódio em Tóquio, apenas na conquista da classificação. “O primeiro objetivo é conseguir a vaga para representar o Brasil. Esse é o meu foco agora. Hoje, não estou pensando em Tóquio. Penso em velejar melhor e entrar em ritmo na Laser para buscar a classificação”.
O bicampeão olímpico já definiu o calendário de competições internacionais para este primeiro semestre. Ele começa com o Troféu Princesa Sofia, a partir de 29 de março, em Palma de Mallorca, na Espanha. Depois, em abril, segue para Hyères, na França, para o Campeonato Europeu. Na sequência, Scheidt parte para o Japão, onde disputa o Mundial, a partir de 3 de julho. “O objetivo é evoluir a cada competição. Diferentemente da campanha para a Rio 2016, iniciei o ciclo olímpico mais tarde. Falta apenas um ano e meio para Tóquio e, por isso, a preparação terá que ser mais seletiva em relação ao número de competições e intensidade de trabalho”, observou.
Preparação física
Além dos aspectos técnicos, táticos e da busca de ritmo, a preparação física tem parte fundamental na classe Laser. “Cuidar bem da parte física e tomar cuidado com o risco de lesões serão fatores importantes. Terei bastante cuidado com o volume de treino, buscando mais a qualidade que a quantidade e respeitando o tempo de repouso. Tentarei ao máximo administrar as dores e evitar me machucar nesse caminho. Vamos torcer para não sofrer lesão grave, que me impeça de participar de competições”, afirmou o velejador, que também comentou o fato de que, se conseguir a vaga, terá 47 anos quando se apresentar em Tóquio 2020.
“Se por um lado enfrentarei atletas mais jovens, terei a experiência a meu favor. Uma campanha olímpica envolve muita pressão. E já ter passado por isso muitas vezes é um fator que me ajuda”, ponderou.
Casado com a também velejadora Gintare e pai de dois filhos, a posição da família teve papel preponderante em sua decisão. “Claro que conversei com eles. E todos me apoiam 100% nessa caminhada. Meu filho mais velho, Erik (de 9 anos), me disse que devo seguir, pois estará sempre torcendo por mim. Ele já esteve na Olimpíada do Rio e quer ver os Jogos no Japão”, contou.
“Conciliar a função de marido e pai com o esporte é sempre importante. Mas moro em um lugar onde posso me dedicar aos treinos e à família. Nas competições, claro, estarei afastado. Mas seria o mesmo tempo fora caso estivesse em outro projeto, como a vela oceânica, por exemplo. O importante é a qualidade do tempo que vou passar com a família”.
Por Assessoria de imprensa de Robert Scheidt