Uefs: cortes no orçamento podem fazer instituição suspender atividades; reitor nega

A Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) vive uma delicada situação financeira que pode levar a instituição a suspender suas atividades no próximo semestre.
Com sérias restrições orçamentárias, a universidade começou a rescindir contratos com empresas terceirizadas, o que tem provocado demissões, interrompeu serviços e enfrenta dificuldades para se manter em pleno funcionamento.
De acordo com Gracinete Bastos, diretora da Associação dos Docentes da Universidade Estadual de Feira de Santana (Adufs), a situação na universidade é “muito difícil” e a administração tem feito um grande esforço para não precisar interromper as operações nos próximos seis meses.
“A administração vem falando nisso [suspensão das atividades], mas no próximo semestre.A universidade está funcionando, mas reduzindo despesas com terceirizados, diárias, combustível, energia, água, realização de eventos suspensa. Estamos em contenção de despesas geral. Tratando o orçamento com responsabilidade”, afirmou a dirigente. Apesar de a dirigente da Adufs afirmar que a administração da universidade já cogita a hipótese de interrupção das atividades, o reitor da Uefs, Evandro do Nascimento Silva, afastou a possibilidade.
De acordo com ele, a instituição tem sofrido com cortes no orçamento de Manutenção e Investimento, que hoje está na ordem de R$ 51,6 milhões, mas, “no plano ideal, deveria ser de R$ 62 milhões”. Também professora do curso de Informática da instituição, Gracinete relata que os profissionais de ensino têm se deparado com falta de materiais para as aulas, situação que tem levado alguns deles a custear os produtos.
“Já estamos sentindo essa dificuldade no funcionamento para fazer tarefas básicas. Não temos pincel para quadro, não temos papel ofício para preparar atividades para alunos. A questão dos laboratórios está complicadíssima. A gente tem que desembolsar para compra de materiais”, conta.
Ainda de acordo com a diretora da Adufs, a universidade também foi obrigada a suspender, por conta dos cortes no orçamento, o transporte de alunos para aulas de campo. Com a interrupção no serviço, os estudantes têm sido obrigados a utilizar recursos próprios para pagar o aluguel dos veículos.
“A solução de alguns professores é cobrar dos alunos. Eles estão tendo que rachar, dividir o aluguel de ônibus. Os estudantes estão tendo que pagar para ter aula em uma universidade pública”, relata. O contingenciamento enfrentado pela instituição tem dificultado o trabalho dos professores e prejudicado o aprendizado dos estudantes, lamenta Gracinete.
“A qualidade do aprendizado cai, nosso trabalho fica restrito. Algumas disciplinas estão sem aula porque não tem professor. A gente não dá aula de qualidade não por não sermos capazes, mas por não termos condições. Educação não é tratada como prioridade, porque, nessa crise, o dinheiro da Educação é contingenciado”, critica.
Além dos problemas gerados pelos cortes orçamentários, os professores precisam enfrentar outro problema. Segundo a dirigente, o governo estadual quer retirar o transporte gratuito oferecido a profissionais que moram em outras cidades e ministram aulas na universidade.
“Ainda há um bom número de professores que moram em Salvador e o governo quer retirar esse transporte. A reitoria está tentando manter esse transporte até o fim do semestre. O governo justifica que não tem o dever de fornecer esse ônibus”, explica.
A instituição já viveu apuros financeiros no ano passado, quando a falta de recursos financeiros levou a reitoria a emitir nota pública para denunciar que suas atividades poderiam ser interrompidas caso não houvesse suplementação orçamentária do governo estadual . Neste ano, a Uefs se depara com a iminência de paralisar seus serviços por conta dos mesmos problemas.
Além de professores e alunos, os mais afetados pelos cortes são os funcionários terceirizados. Com a administração rescindindo contratos para tentar adequar a realidade financeira ao contingenciamento de recursos, várias empresas prestadoras de serviços precisarão demitir contratados.
“A situação está declinando. Estão ocorrendo demissões em massa de terceirizados. Eles não têm orçamento, devem o salário de fevereiro, não repassaram recursos para empresas. O governo pediu pra fazer um recálculo das despesas, para saber se paga vale-transporte ou retira o ônibus da gente.
Uma situação cada vez pior e que tende a cair a cada dia”, expõe Roquidea Souza e Silva, coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau da instituição (Sintest). Uma assembleia geral com alunos, professores, servidores e funcionários técnicos deve discutir nesta quinta-feira (31) a difícil situação vivida pela Uefs.
Para tentar solucionar os problemas orçamentários, o reitor afirmou que a Uefs pretende, no meio do ano, pedir uma suplementação ao governo do Estado no valor de R$ 10 milhões. “Essa é uma interlocução que a reitoria vai fazer. Geralmente, no Estado, o início de ano não é momento de discutir suplementação, mas daqui há alguns meses, vamos ter que apresentar a proposta de suplementação de algo em torno de R$ 10 milhões”, revelou.
O reitor rechaçou ainda a afirmação de que a universidade possa parar. “Isso cria um clima muito ruim entre os estudantes. Esta semana, decidimos no Conselho de Pesquisa e Extensão que o segundo semestre começa no dia 4 de julho. A universidade está funcionando”, garantiu.
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Por Bahia Notícias