Itajaí: Audiência pública em defesa da vida
A mobilização do Movimento Itajaí Resistência, em defesa do rio Gongogi, já começa a dar resultados, considerando-se que conquistou da administração do Município o agendamento de uma Audiência Pública para se discutir os impactos ambientais provocados pela exploração de pedras ornamentais (quartzitos) na Serra da Cebola, região das nascentes do Rio Gongogi.

Além de acionar o Ministério Público e a Polícia Federal, os líderes do movimento protocolaram uma denúncia junto ao Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA) (Foto: Reprodução)
O movimento de resistência foi formado a partir da observação de que os resíduos provenientes da extração do Quartzito está comprometendo a única fonte de abastecimento de água da região, especialmente de Itajaí, distrito do município de Nova Canaã, localizado no sudoeste baiano.
Além de acionar o Ministério Público e a Polícia Federal, os líderes do movimento protocolaram uma denúncia junto ao Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – INEMA-Ba, com sede em Vitória da Conquista. Protocolada por representantes da Associação dos Produtores Rurais e por moradores de Itajaí, a denúncia está registrada com o número 013/220: “O que se espera é que os Órgãos fiscalizadores tomem as providências legais pertinentes para impedir que ocorra um desastre ambiental”, afirma Almir Filho, morador de Itajaí e um dos líderes do movimento.
A Audiência Pública está marcada para a manhã do dia 18 de março, quarta-feira, no Clube Social de Itajaí. Além da comunidade local, moradores de Nova Canaã e de outras cidades da região estão mobilizados para exigirem que as empresas Uilmon Ferreira de Oliveira e Cia – Ltda; Mineração Monteiro Coutinho Comércio Ltda, e Mineração Vale do Rio Pardo Eireli não obtenham a concessão para extração do quartzito, já que vêm realizando pesquisas desde 2019. “É preocupante que a administração municipal não tenha se manifestado em nenhum momento em defesa do meio ambiente, das nascentes da bacia do Gongogi, e nem pela preservação do único rio que abastece a comunidade de Itajaí. Além do impacto ambiental e cerceamento do uso da água, a extração também comprometerá o desenvolvimento econômico da região, com consequências na agricultura, na pecuária e no comércio”, alerta Uilson Pedreira, que também faz parte do movimento.
Em visita ao local no último dia 06 de março, uma equipe de professores da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB – Vitória da Conquista – avaliou que se as empresas continuarem com a extração, os danos serão irreversíveis, principalmente para os cerca de 1500 moradores de Itajaí e regiões próximas: “A exploração ocorre a apenas 400 metros do principal ponto de abastecimento de água do distrito e da região da zona rural e é evidente que os resíduos sólidos que desagregam das pedras facilmente, os rejeitos resultantes desse processo, vão impactar todo o ecossistema da região, afetando a bacia hidrográfica e comprometendo o reservatório de água que abastece a localidade de Itajaí e região”, pondera Andreia Sanches, professora de geologia da UESB.
O Secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Município, Vanildo Andrade, informou que cabe à prefeitura analisar todos os documentos e dar o parecer final, favorável ou não ao processo de exploração. E justamente por isso que a liderança do Movimento de Resistência do Gongogi convoca a população a se manter mobilizada até conseguires a vitória: “O que está em jogo e não apenas a nossa saúde, mas a nossa própria vida, já que sem água não existe vida”, observa Meim LPe Gabriela, uma das lideranças do movimento.