Projeto resgata cultivo de plantas medicinais e litúrgicas em terreiros de candomblé

De acordo com o coordenador-executivo do Projeto, Aloísio Santtos, os beneficiários receberam capacitação envolvendo educação ambiental, cooperativismo e agroecologia. “Além da liturgia, estamos formando uma cooperativa que vai beneficiar e comercializar essas plantas, seja na parte fitoterápica, cosmética e até mesmo na alimentação”, explicou.
Passada a fase de capacitação, foi iniciado o plantio das hortas. “Antes dessa etapa, fizemos uma coleta e análise do solo, quando identificamos as deficiências de cada um e fizemos as correções necessárias”, contou o engenheiro agrônomo do projeto, Fábio César Andrade. A equipe de técnicos é também formada por um biólogo e um farmacêutico.
Um dos terreiros que iniciaram a implantação da horta é o Ilé Axê Sufucian Undê, no bairro de Fazenda Grande, em Salvador. A líder da casa, a ialorixá Zelinha de Becen, elogiou a iniciativa. “Além do custo que é trazer as folhas das feiras livres e até de fora de Salvador, é necessário todo um ritual para coleta e manuseio dessas plantas. Com o plantio em nossos terreiros, podemos fazer isso de uma forma mais correta”, comemorou.
“O Projeto Rhol exemplifica o objetivo do Edital de Apoio aos Empreendimentos de Matriz Africana, que é o resgate e fortalecimento da cultura africana e a possibilidade de geração de trabalho e renda nessas comunidades, respeitando os conceitos da economia solidária”, avaliou o superintendente de Economia Solidária da Setre, Milton Barbosa.
Matriz Africana
O Rhol é um dos 54 projetos beneficiados pelo Edital, que tem recursos no valor global de R$ 9 milhões. A entidade executora, a Organização Filhos do Mundo, recebeu da Setre R$ 722 mil para implantar a rede de hortos. Serão beneficiadas diretamente 60 famílias integrantes das comunidades tradicionais de terreiro de candomblé envolvidas nas ações do projeto.